EMIGRAÇÃO DE JOVENS AMEAÇA FUTURO DO PAÍS. E O ABANDONO DOS JOVENS QUE FICAM?

21 de Novembro de 2012

Educação

Segundo o Jornal de Negócios, o FMI considera que um dos riscos mais graves na actual conjuntura, especialmente se a recuperação for lenta, é a perda de mão-de-obra jovem qualificada. As saídas desses jovens podem não ser reversíveis. Estou de acordo com a opinião do FMI neste aspecto. Certamente que a maioria dos portugueses partilham essa mesma opinião.

Mas, tal como referiu o FMI, um dos riscos mais graves na actual conjuntura, especialmente se a recuperação for lenta, é a falta de integração não apenas dos jovens com qualificações académicas, como todos os outros. Todos os jovens, independente de serem habilitados com formação universitária, ou apenas o ensino básico, têm o direito de serem integrados no mercado de trabalho. Ainda que habilitações académicas permitam acesso a quadros técnicos e administrativos de empresas, é fundamental a integração de jovens menos qualificados na produção e na economia do país. Tal como numa guerra ou batalha não se ganha apenas com oficiais, o enriquecimento da produção e da economia de um país não se consegue apenas com pessoal com formação académica. O sucesso de um país depende das acções em conjunto de cada um no seu posto específico de trabalho, sendo muitas vezes a melhor aptidão adquirida profissionalmente, aquela que é conseguida no local de trabalho, não em cursos teóricos de novas oportunidades. Um arquitecto e/ou um engenheiro poderão criar um projecto magnífico de construção. Mas sem trabalhadores da construção, o projecto nunca será realizado. Isto é apenas um de milhões de exemplos nos mais diversos sectores de qualquer sociedade.

Enquanto que a maior parte dos emigrantes de hoje, são pessoas qualificadas, no passado os emigrantes portugueses não possuíam qualquer tipo de formação académica. Não obstante, graças à mão-de-obra portuguesa e à determinação e desejo de vencer, esses jovens não qualificados doutros tempos, contribuíram para o desenvolvimento e enriquecimentos de muitos desses países dos quais hoje Portugal depende cada vez mais para sobrevivência. Muitos desses jovens de outrora, os idosos de hoje, a maioria com apenas os 4 anos básicos de instrução primária, independente da falta de conhecimento do idioma do país onde trabalhavam e as dificuldades em aprender o mesmo, alcançaram posições de técnicos especializados e chefes de produção, apenas com aprendizagem no local de trabalho, dedicação e determinação. Mas, contrariamente ao que acontece numa grande maioria de empresas em Portugal, foram reconhecidos e recompensados. Eu sou uma prova viva de um emigrante do passado e testemunha de milhares de emigrantes.

O abandono de jovens que devido ao estado social, económico, étnico, ou outros factores de percurso na vida, não lhes permitiu uma formação superior, representa um acto de discriminação e abandono de cidadãos, que numa democracia, se é isso que está instalado no país, o que eu duvido, não deve haver diferenciação na preocupação no direito à integração no mercado de trabalho, dos mais qualificados e ignorar os não qualificados. Abandono ou desintegração social dos jovens de hoje, dificultando a integração no mercado de trabalho e a integração social, contribui para um aumento da despesa orçamental do Estado, nos apoios sociais de sobrevivência ao longo de décadas e também com impacto na segurança e estabilidade social no país. É conhecido que, em qualquer sociedade, a maioria dos jovens mais afectados pela integração social, muitas vezes devido à integração no mercado de trabalho por  razões educacionais ou étnicas,  são aqueles que ao longo da vida mais contribuem para a instabilidade da segurança pública, acabando muitos deles como delinquentes e removidos da sociedade para prisões a custos dos contribuintes.

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Um Aluno custa ao Estado 4.011 euros por ano

Segundo a comunicação social, um aluno que frequenta uma escola pública, do básico ao secundário, em média, vai custar ao Estado 4.011 euros, por ano.

Da forma como o título do artigo é apresentado na comunicação social, de que o Estado gasta com a educação obrigatória, básica e secundária do 1.º ao 12º ano, dá a entender à maioria que é uma despesa orçamental que contribui para prejuízo do país e efeitos no aumento do défice.

Na realidade, ao contrário do que o governo tenta dar a entender aos portugueses, trata-se de um investimento no futuro do país e não uma despesa. Trata-se de uma parceria, entre os pais e o Estado. A mais proveitosa Parceria Público Privada, PPP, de centenas de PPP, em que é feito um investimento contínuo para bem do futuro da nação e onde a comparticipação pública, do Estado, em relação à comparticipação privada dos pais, está pelo menos na relação de 1 para 2 respectivamente. O Estado investe na educação de cada aluno 4.011 euros anuais. Os pais, contribuem com a educação, habitação, roupa, calçado, saúde e todas as demais necessidades ao longo da criação e educação de uma criança e jovem para preparação para o futuro. Todos os encargos anuais ao longo do sistema escolar obrigatório que é da responsabilidade dos pais, fica muito, mesmo muito acima dos 4.011 euros da comparticipação do governo na educação. No actual custo de vida, a criação de um filho por 4.011, significa um crescimento e educação deprimente, com uma preparação deficiente para o dia de amanhã.

As dificuldades económicas enfrentadas pelos pais e os cortes constantes na educação e outros serviços sociais de apoio pelo Estado, têm contribuindo para a redução do índice de natalidade. Também, conforme mencionado acima, no final da primeira parte deste artigo, jovens com insuficiente nível de educação, preparação para a vida e integração social, são aqueles que no futuro mais contribuirão para a instabilidade social e riscos da segurança pública da sociedade, acabando muitos deles como delinquentes e removidos da sociedade para prisões a custos dos contribuintes. Segundo estatísticas, cada preso custo ao estado 14.600,00 euros por ano (40 euros por dia). Estes são realmente custos que afectam o défice e em nada contribuem para a economia e bem-estar social do país.

Como leigo na matéria, pergunto aos nossos governantes: Será preferível o Estado investir mesmo 4.500 euros, por ano na educação básica obrigatória de cada aluno, para um futuro melhor do país? Ou, Será melhor cortar na educação agora para reduzir o défice, pagando mais tarde 15.000 euros por ano, no aprisionamento de cada indivíduo, mal preparado para a sociedade, agravando ainda mais o futuro, já com pouca perspectiva económica e social para as próximas gerações?

Muitas vezes, analisando os estudos, previsões e decisões tomadas pelo governo, penso que: Se a incompetência ou ignorância pagasse imposto, o sector profissional dos políticos, seria de toda a sociedade portuguesa, a classe que mais pagaria de impostos. Talvez não tivéssemos défice nem dívidas do Estado.

Ler a petição: Parlamento-Os Velhos do Restelo. Se concordar com a iniciativa, assine e divulgue.

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About Carlos Piteira

Licenciado em Microbiologia pela Maryland University. Especialista em Microbiologia Clínica pela American Society of Clinical Pathologists. Consultor da Qualidade do Ar Interior. Autor do livro: ” A Qualidade do Ar Interior em Instalações Hospitalares”

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2 comentários em “EMIGRAÇÃO DE JOVENS AMEAÇA FUTURO DO PAÍS. E O ABANDONO DOS JOVENS QUE FICAM?”

  1. Carlos Borges Says:

    Boa tarde,

    Em relação ao tema de hoje que escreveu, eu compreendo perfeitamente que haja muitos jovens Portugueses a emigrar para outros países para ter uma vida digna, com condições e viver em sociedade. Ao contrário do actual Portugal, só ia oferecer falta de perspectivas futuras para a estabilidade pessoal e profissional. Portugal é hoje um país sem identidade, sem rumo e sem objectivo.

    Eu, talvez opte por essa via da emigração. Com muita pena minha, porque amo Portugal, principalmente os Açores que é aonde eu nasci. Preciso de estabilidade e Portugal neste momento não me dá essa perspectiva.

    Em Portugal só há oportunidades de empregos de grandes “tachos” para os filhos da alta classe, para os filhos de ministros, de deputados e ex deputados. Todos com colocações em bons cargos sem qualquer tipo de mérito próprio.

    Eu não vejo nenhuns desses filhos dessa corja desempregados. Eu não os vejo as sujar as mãos e trabalhar num Mcdonald´s, numa caixa de hipermercado ou numa fábrica.

    Portugal está mal por culpa deles.

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    • opaisquetemos Says:

      Caro Carlos Borges,

      Obrigado pelo seu comentário.

      A emigração não garante uma vida digna. Mas pelo menos pode existir uma maior oportunidade de sucesso, dependendo de muitos factores.

      Concordo consigo, que para o cidadão comum não há muitas oportunidades de emprego. Sem dúvida que os nossos governantes desde há décadas que são os responsáveis pela degradação do país.

      Quanto à sua opção de emigrar, tem que analisar quais as condições que tem onde está e as suas capacidades de emigrar e obstáculos pela frente. Acredite que nem tudo que luz é ouro. Mas no momento presente, muito pior que o estado de sítio de Portugal, que se agrava a cada hora, deve ser díficil de se encontrar. Contrariamente a membros do governo, não dou opiniões sobre decisões a emigrar ou não.

      Sinceramente,

      Carlos Piteira

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