O ESTADO DO PAÍS E OS RISCOS PELA FRENTE

12 de Outubro de 2012

O PAÍS QUE TEMOS

IRS SOBE MAIS PARA QUEM GANHA MENOS

De acordo com a consultora Ernst & Young, os contribuintes com rendimentos menores vão ter um aumento maior do imposto a pagar do que aqueles que ganham mais. Este é o resultado das mexidas nos escalões de IRS implementadas pelo Governo, segundo a avaliação da versão preliminar do Orçamento do Estado para 2013.

A notícia publicada esta manhã sobre os novos escalões de IRS, em nada surpreendeu. A Comunidade Europeia, que teve conhecimento prévio das medidas orçamentais, deixou à responsabilidade do governo português a explicação aos portugueses, não por uma questão de ética ou formalidade, mas porque sabiam que as mesmas iam muito para além do insustentável.

Este é o golpe fatal para a continuidade do aumento do desemprego, a queda contínua sem travões da economia do país e um incentivo à revolução social que os portugueses tanto têm evitado, como um povo passivo. As expectativas do governo sobre as receitas que este aumento de impostos pode contribuir, vão ter efeitos contraditórios aos objectivos para os quais o governo os aprovou. Eventualmente, tal como aconteceu este ano, o défice irá mais uma vez aumentar e por meados de 2013, se este governo ainda existir ou outro idêntico, novos sacrifícios serão pedidos aos portugueses. Este governo, não tem experiência de gestão para gerir uma empresa, muito menos para gerir o país.

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AS PALAVRAS INAPROPIADAS NUM DISCURSO PODEM   CONTRIBUIR PARA O INDESEJÁVEL

Para além da falta de competência para gerir o país, Passos Coelho tem sido infeliz muitas vezes na escolha de palavras apropriadas para se expressar e dirigir aos portugueses.

No encerramento das festas do povo em Campo Maior no passado domingo, Passos Coelho lembrou o direito à manifestação e à greve, mas disse que: “ … nós não confundiremos o exercício dessas liberdades com aqueles que pensam que podem incendiar as ruas e ajudar a queimar Portugal”. De facto, palavras como incendiar, queimar, tumultos e violência, foram proferidas naquele discurso por Passos Coelho.

Parece que o nosso primeiro-ministro, para além de criar condições altamente inflamáveis, como o abuso ao meter a mão demasiado no bolso dos portugueses, que causa o desespero de milhões e a ignição social, anda a semear ventos para colher tempestades. Não me recordo que alguém tenha mencionado aquelas palavras num discurso, para mais num evento de festividade.

Faz parte de um sistema democrático o direito à manifestação e à greve dos trabalhadores. Pessoalmente, conforme já expressei em artigos no passado, sou em muitas circunstâncias contra as greves, tendo mesmo sugerido outras opções. Mas, a intervenção inadequada por parte do governo sobre direitos de liberdade adquiridos democraticamente, poderá contribuir para consequências indesejáveis.

Muitos direitos e benefícios sociais adquiridos desde o 25 de Abril têm sido removidos aos portugueses em nome da crise. Mas nenhum dos direitos e benefícios adquiridos, alguns vitalícios, por ex-membros do governo, como por exemplo, reformas por inteiro após dois mandatos na AR, a maioria antes da idade de reforma e viaturas top gama, com direito a motorista e todas as despesas incluídas com a mesma, a dezenas de ex-governantes, nunca foram eliminadas porque são direitos adquiridos.

Espero, que este governo tenha mais controlo nas suas acções em possíveis intervenções em manifestações e greves, do que tem com o uso de palavras inadequadas quando se expressam publicamente.

Hoje, deixo aqui o meu apelo ao governo, para moderação com consciência das possíveis consequências, no uso de medidas excessivas e inadequadas em relação às manifestações e às greves. Não há muitos dias atrás, deixei aqui um apelo a manifestantes jovens, para que prevalecesse a moderação nos protestos. A responsabilidade é de parte a parte.

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VEM AÍ UM NOVO BPN OU PPP?

Segundo a Lusa, o Ministério das Finanças está desde Agosto a trabalhar na criação de um banco de fomento para “melhorar o financiamento da economia e das empresas”.

Muito possivelmente trata-se de algum tipo de BPN, PPP ou similar para colocação de alguns dos boys partidários. Certamente, que vai ser uma forma de desvio de dinheiros dos contribuintes, que só empresas com ligações aos partidos beneficiam. As PME, que não esperem colher apoios de tal banco de fomento, salvo se tenham algumas ligações VIPs.

Ainda não se dissolveram PPPs, Institutos, Observatórios e 99% das fundações, e já se procuram nomes pomposos de outras formas de fazer desaparecer dinheiro.

Na realidade, que foi feito a pelo menos 12 mil milhões de euros desviados do empréstimo da troika para a banca, com o intuito de apoiarem a economia? Segundo ao que sempre fomos informados, os bancos não estavam com a corda na garganta. Mas nunca contribuíram para a economia com o apoio da troika.

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APENAS TÍTULO DE SENSACIONALISMO

Seguro diz que vem aí “bomba atómica fiscal”

Já sabemos disso! Mas na realidade, que tipo de propostas apresentou até agora José Seguro aos portugueses? Este senhor, líder do PS, nem está sincronizado com os membros do seu partido, ao ponto de prometer uma proposta para a redução de deputados na AR e os membros mais altos do PS já disseram publicamente, que a redução dos deputados não é considerado parte do programa do PS.

Também, José Seguro, tão preocupado com o estado económico da nação, e consente renovação das viaturas top de gama do PS, pagas pela Assembleia da República, à custa dos impostos pagos com o suor dos portugueses.

José Seguro, se tivesse ainda que fosse um mínimo de compreensão, já era altura de ter compreendido que o discurso de António Costa no 5 de Outubro, bem como a intervenção oposta às suas propostas por parte de elementos do seu partido, que significa que tem os dias contados como líder.

Quando Seguro, não controla e está seguro e apoiado dentro do seu próprio partido, que quer ele mostrar ou dizer aos portugueses?

Realmente, não temos partido nenhum que nos convença.

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MARCELO REBELO DE SOUSA disse que: “Houve vários recuos em várias áreas no Orçamento”.

Certamente que houve alterações à forma como sacar dinheiro dos bolsos dos contribuintes. Mas não houve recuo nos cortes dos rendimentos das classes mais desprotegidas e da classe média.

Este comentador tem caído muito no aspecto de imparcialidade nos seus comentários, em pró do apoio e protecção ao governo actual do seu partido. Nada de errado em comentar e criticar com fundamentos. Vivemos numa sociedade, “supostamente livre”, onde a liberdade de expressão é um direito democrático, ainda não eliminado por nenhum governo até esta data. Mas sou contra comentadores em funções governamentais, legislativas ou ligados a partidos políticos, que usam o tempo ou espaço, pelo qual são pagos para comentar, como veículo de campanha de ideias e conceitos político partidários para influenciar a opinião pública. Infelizmente, a maioria dos portugueses ainda não atingiu a maturidade de conhecimentos políticos e financeiros, para conseguir distinguir os interesses por detrás dos comentários destes comentadores, para compreender que a visão dos mesmos não são benéficos aos interesses e necessidades dos portugueses. Felizmente, que os portugueses estão finalmente a começar a sensibilizarem-se sobre a qualidade de políticos e (des)governantes que temos. Na realidade, o melhor proveito que tiramos desta crise, é o despertar do povo para a participação activa nas decisões que cada vez mais afectam as nossas vidas e o futuro de novas gerações

É com base no direito democrático sobre a liberdade de expressão, que eu tenho ainda o privilégio de comentar e mesmo criticar. Mas, contrariamente aos comentadores profissionais de elite, ligados de uma forma ou outra a interesses políticos e mesmo a lobbies financeiros, eu não sou pago por comentários, nem represento qualquer grupo político ou de interesses financeiros. Não possuo um estilo jornalístico e uma linguagem portuguesa da melhor qualidade. Contrariamente a muitos comentadores de elite, no meu tempo não tive a mesma possibilidade de acesso ao ensino em português. Mas os meus comentários como cidadão independente, ainda que numa linguagem simples, são imparciais, com base em factos e sem qualquer conflito de interesses ou agressividade injusta a este ou aquele.

About Carlos Piteira

Licenciado em Microbiologia pela Maryland University. Especialista em Microbiologia Clínica pela American Society of Clinical Pathologists. Consultor da Qualidade do Ar Interior. Autor do livro: ” A Qualidade do Ar Interior em Instalações Hospitalares”

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8 comentários em “O ESTADO DO PAÍS E OS RISCOS PELA FRENTE”

  1. Micael Says:

    Deixo aqui algumas continhas de acordo com os novos escalões do IRS.

    de_________até______%antes__%depois__%dif
    ___________ 4.898____11,5%__14,5%____3,0%
    4.898_______7.000____14,0%__14,5%____0,5%
    7.000_______7.410____14,0%__28,5%___14,5%
    7.410______18.375____24,5%__28,5%____4,0%
    18.375_____20.000____35,5%__28,5%___ -7,0%
    20.000_____40.000____35,5%__37,0%____1,5%
    40.000_____42.259____35,5%__45,0%____9,5%
    42.259_____61.244____38,0%__45,0%____7,0%
    61.244_____66.045____41,5%__45,0%____3,5%
    66.045_____80.000____43,5%__45,0%____1,5%
    80.000____153.300____43,5%__48,0%____4,5%
    153.300_____________ 46,5%__48,0%____1,5%

    Então para quem declara entre 18.375 e 20.000 € até vai ter redução fiscal. Mas o pobre entre 7.000 e 7.410 € vai ter um aumento de 14,5 pontos percentuais.

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  2. Maria Alpoim Says:

    A diminuição da dívida pública em simultâneo com a diminuição da dívida privada e elevado desemprego conduziu à 2ª guerra mundial. A ignorância é atrevida e, infelizmente, os governantes europeus são menos instruídos e, muitos deles, menos inteligentes que muitos dos governados. Nada sabem de história e comentem erros em politíca económica e financeira que já conduziram a desastres.

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    • opaisquetemos Says:

      Cara Maria Alpoim,

      Obrigado pelo seu comentário e pela sua assiduidade.

      Este governo ou outro que o possa substítuir, eleito dentro do mesmo sistema político instaurado, não vai resolver a crise económica.

      Conhecemos a disponibilidade de políticos que temos para subir ao governo e nenhum deles tem capacidade para governar, para além de estarem todos viciados com maus hábitos.

      Quando um dos possíveis candidatos a um governo futuro, Francisco Assis, pensa que é humilhante para um membro do PS andar de Clio em lugar de Audi ou BMW, como é possível este país entrar no caminho certo?

      Sinceramente,

      Carlos Piteira

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  3. Jose Cunha Says:

    Ainda a procissao vai no adro…

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  4. Paula Says:

    Não é preciso ser esperto para ver que nos tão a roubar .Sem que possámos fazer alguma coisa,só se emigrar não foi o que nos mandaram fazer .Até gostava de ver o povo Português todo a emigrar ,onde eles iam buscar o dinheiro?O BPN,PPPs!!!

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